quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

“O mundo começa agora. Apenas começamos"


Finalmente 2012 está acabando. Tinha dias que eu acordava e pensava “hoje já é sexta-feira, o tempo tá passando rápido demais”, outros dias eu olhava para o relógio e falava “aff tempo que não passa”. Mas passou. Um dia desses eu estava tirando a primeira foto de 2012, estava brindando por um ano mais feliz, estava tendo discussão em pleno carnaval e chorando no meu aniversário. Um dia desses eu estava sem estágio, um dia desses era o primeiro dia no meu estágio.

2012 foi, definitivamente, o ano das mudanças, e isso já estava previsto. Nunca me vi tão surpresa como nesse ano. Tudo bem que esse não foi o melhor ano de minha vida, assim como não foi o pior. 2012 trouxe para mim decepções que serviram para meu crescimento espiritual e oportunidades diversas e maravilhosas que levarei para o resto de minha vida.

Se me perguntarem se mudei, mudei. Se foi para melhor, acredito que sim, afinal percebi que nem tudo na vida é lindo e maravilhoso, assim como nem tudo na vida é feio e péssimo. Perdi minha paciência e comecei a levantar minha voz. Profissionalmente me encontrei e já sei o que serei pelo resto de minha vida. Sobre amizades, desde sempre reconheci quais são as certas, agora só quero preservá-las, além disso conheci pessoas maravilhosas esse ano e me desfiz daquelas que não influenciavam em nada. Estou amando e pagando com minha língua devido ao meu namoro a distancia, mas quer saber estou aprendendo tanto com isso, é uma experiência maravilhosa.

2012 começou difícil e aos poucos foi se modificando, é como aquele ditado “depois da tormenta vem a calmaria”. E em 2013 é o que desejo, calmaria. Não aquela calmaria de morgação, ou tudo morto, mas a calmaria de felicidade e sabedoria. Aquela que te ajuda nos momentos difíceis e te ajuda a resolver as coisas sem afobação. E preciso disso porque vamos combinar meu amor, TCC vem aí, assim como a formatura e o inicio de um novo ciclo. 

As pedras de 2012 passaram. 2013 chega com mais desafios que são precisos e irão passar, assim como dizia Renato Russo na música que mais amo dele, Metal contra nuvens, “Tudo passa, tudo passará, e nossa história não estará pelo avesso assim sem final feliz, teremos coisas bonitas para contar. E até lá, vamos viver, temos muito ainda por fazer, não olhe para trás, apenas começamos, o mundo começa agora, apenas começamos”.

domingo, 16 de dezembro de 2012

Por que não se faz sequências de filmes tão boas quanto o primeiro??


Fico revoltada quando sai sequências de filmes que adoro e não são boas. Isso aconteceu com Um príncipe em minha vida, Se beber não case, Todo mundo em pânico, American Pie (depois do terceiro), O abismo do medo, Pânico na Floresta, Olhos Famintos, entre outros. Mas nada me revoltou tanto como Resident Evil. 

Quando assisti Resident Evil – o Hospede Maldito para mim foi o melhor filme de zumbi de todos os tempos. A trama, o suspense, a conspiração da Umbrella, perfeito. Nisso veio o segundo filme que tava bem legal, explicou muitas coisas e etc, mas vamos combinar Resident Evil morreu aí. Assisti o terceiro e uma droga, vários fios soltos na história, o quarto foi bem pior e agora, que acabei de assistir o quinto, decidi se sair o sexto em diante não vou perder meu tempo.

Esse quinto tem muitas imagens superficiais comparado com o primeiro, fora que, mais uma vez, os roteiristas deixaram vários fios soltos. Resumindo, mais um filme de ação idiota e muito mal feito. Ele não tem uma história boa para prender o telespectador, até as cenas de ações são muito forçadas e desde quando zumbi corre mais do que gente viva???

O quinto começa com a última cena do quarto filme, depois Alice acorda em uma subestação da Umbrella na Rússia. O filme todo se passa na fuga de Alice dessa subestação, o que se torna cansativo e não responde nenhuma pergunta, como cadê a Claire? A rainha vermelha volta, mas não dá em nada, ela nem tem a segurança e um objetivo definido como no primeiro filme. Eu pagava pau para a rainha vermelha do primeiro, agora essa só o que faz é ordenar a morte da Alice e soltar novas ameaças biológicas.

Estou eu revoltada por ter gasto meu precioso tempo com esse filme. Como todas as outras decepções que tive em seqüências, vivo a me perguntar, por que não continuar a história original? Frustrada mais uma vez.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Um pouco de Eva e de Lilith na história da imprensa do Vale do São Francisco.

Cinco mulheres, entre elas pernambucanas e baianas, que fizeram história no Vale do São Francisco. Algumas ficaram famosas, outras permaneceram no anonimato, mas que se fizeram importantes para uma classe profissional que ainda está em construção nas cidades de Petrolina e Juazeiro, a imprensa. “Filhas de Lilith na Imprensa em Juazeiro e Petrolina” é um livro reportagem perfil, que traz a história de Elisabete Campos Souza, Inah Tôrres, Maria Izabel Muniz Figueiredo, Layze de Luna Brito e Lucélia Eloísa Barbosa Almeida, mulheres que vivenciaram e participaram do inicio do jornal impresso e do rádio na região.
Escrito por Jaquelyne de Almeida Costa e Juciana Tenório Cavalcante, publicado em 2010 pela editora Livro Rápido, o livro reportagem é resultado do trabalho de conclusão do curso Comunicação Social com habilitação em Jornalismo e Multimeios. As autoras, que são jornalistas formadas, são pernambucanas, Juciana natural de Belém do São Francisco e Jaquelyne de Petrolina. Apaixonadas pela escrita e pelo jornalismo buscaram na Universidade do Estado da Bahia a formação que tanto desejavam. Juciana, foi repórter do Jornal Diário da Região, em 2009 ganhou o prêmio Destaque Imprensa como revelação no jornalismo impresso, hoje é jornalista da Assessoria de Comunicação da Prefeitura Municipal de Petrolina. Jaquelyne desde pequena se identificou com poesia, ganhou prêmios e concursos, é membro da União Brasileira de Escritores de Petrolina, atualmente é assessora de imprensa da Faculdade de Ciências Aplicadas e Sociais de Petrolina.
Filhas de Lilith na Imprensa. Mas por que escolheram Lilith, se essa é conhecida por muitos como um ser demoníaco? De acordo com as autoras, Lilith foi escolhida não pela característica maligna que esse nome leva, e sim pela representação de liberdade e igualdade de direitos, já que ela foi a primeira esposa de Adão e se rebelou contra ele. Segundo comentários cabalísticos do Pentateuco, Lilith foi feita do pó para fazer companhia a Adão, entretanto não suportou o autoritarismo do seu companheiro, pois não aceitava ser dominada e inferiorizada a um ser da mesma origem que a sua. Diante disso deixou o Paraíso.
O que essas cinco mulheres têm de Lilith? A liberdade de seguir os seus desejos e sonhos. Elas não se rebelaram contra os companheiros e a família. Muito pelo contrário, o que há em comum nelas além da paixão pela imprensa são o apoio e a influência que receberam da família para praticar o que gostavam.
A primeira perfilada Betinha do Pharol foi uma das melhores tipógrafas da região. Seu pai que faleceu quando ela tinha quatro anos, também foi tipógrafo. Estudou até o quinto ano do ensino fundamental, por não ter condições financeiras para concluir os estudos. Sonhava em trabalhar no Jornal o Pharol, não como jornalista e sim com tipografia. O Pharol foi seu primeiro emprego e ficou lá até a aposentadoria, ganhou a confiança de Seu Joãozinho do Pharol, dono do jornal, tornou-se revisora e aprendeu muitas coisas, como corte e costura lendo as revista que chegavam no veículo.
Mais do que uma colunista social, Inah Tôrres segunda perfilada do livro, foi retratada pelas autoras não só como a jornalista que trouxe a coluna social para o Vale do São Francisco e sim como uma guerreira que enfrentou um câncer e como um exemplo de jornalista ética. Inah, que era de Caruaru, se encantou por Petrolina pelas histórias que seu irmão, também jornalista. Mas, só veio morar na cidade depois que seu marido decidiu se mudar. Chegando ao Vale, Inah foi convidada a trabalhar no Pharol, sendo a primeira jornalista na cidade. Depois, junto com seu amigo Gentil, surgiu a idéia de fazer a coluna social “Com Você... Crônica Social”. Já em 1982 recebeu o convite para ser locutora na rádio Grande Rio AM, aceitou e fez o programa Em Sociedade.
Maria Izabel Muniz, conhecida como Bebela, é a terceira perfilada do livro. Juazeirense, apaixonada por sua cidade, Bebela formada em pedagogia, é conhecida por suas poesias, histórias, pelo teatro e também por ser jornalista cultural. Foi a primeira Secretária Municipal de Educação e Cultura em Juazeiro, escreveu para vários jornais, principalmente para o Jornal Juazeiro, hoje conhecido como Diário da Região. Também, foi radialista na Rádio Juazeiro e participou, na década de 1980, das radionovelas dirigidas por Hértz Félix, na Emissora Rural.
Também juazeirense, Layze de Luna, quarta perfilada, retrata sua paixão e admiração por Juazeiro nas crônicas que a fez famosa na região. Layze que desde pequena já sabia o que queria, não mediu palavras nas inúmeras crônicas construídas por ela com o intuito de admirar e criticar, como no texto “O Prepotente”.
A quinta e ultima perfilada é Lu Almeia. Pernambucana, da cidade de Floresta, Lu se mudou para o Vale do São Francisco a fim de estudar agronomia, todavia, influenciada por seu marido, acabou se rendendo aos encantos do rádio e foi trabalhar como locutora na rádio Vale FM, em Juazeiro. Foi uma das mulheres a implantar o jornalismo em uma emissora de rádio FM, apresentando o boletim Vale Notícias.
Filhas de Lilith na Imprensa em Juazeiro e Petrolina, além da história dessas cinco mulheres, traz fotos, matérias presentes no portfólio da maioria delas e depoimentos de jornalista, antropólogos, familiares, pessoas que conviveram com essas profissionais, para ilustrar o livro e deixar a narração com ritmo leve e agradável. A fim de situar os leitores com as décadas vividas por essas mulheres, há sempre entrelaçado com as histórias das perfiladas um contexto histórico. As autoras, em alguns perfis citavam poetas famosos para caracterizar alguns momentos ou gestos das perfiladas, o que se faz notar o gosto por poesias da autora Jaquelyne.
O livro Filhas de Lilith na Imprensa em Juazeiro e Petrolina, não é apenas um livro que conta a trajetória de cinco profissionais da imprensa local, ele, acima de tudo, é uma parte valiosa da história do Vale do São Francisco.  Elisabete Campos Souza, Inah Tôrres, Maria Izabel Muniz Figueiredo, Layze de Luna Brito e Lucélia Eloísa Barbosa Almeida, cinco mulheres que fizeram a diferença e participaram ativamente na construção da imprensa do Vale do São Francisco. Cinco mulheres que mesmo apoiadas e incentivadas a seguir seus desejos e sonhos, enfrentaram algumas dificuldades ao longo do caminho, mas nunca abaixaram a cabeça e desistiram do que tanto gostavam por medo, critica, doença e idade. Foram livres para fazerem o que desejavam, para serem mães de família e profissionais exemplares. Para tais qualificações, passaram a ser Filhas de Lilith.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Algo que eu queria agora....





Hoje eu queria escrever algo bonito, interessante, algo que reflita meus pensamentos e faça vocês, que me acompanham, pensarem sobre minhas palavras. Na verdade há muito tempo quero escrever algo com prazer, não apenas por obrigação, hoje isso está mais intenso em mim, porém, não sei sobre o que escrever.


Estou agora ouvindo Marcelo Camelo e martelando minha cabeça com perguntas do tipo: qual tema é melhor para se escrever? Morte, amor, perdas, medo? Ah que se dane. Daqui a pouco estarei escrevendo que a minha simplicidade para escrever coisas subjetivas morreu, que o amor pela escrita ainda continua, que perco meu tempo iniciando um texto e nunca finalizando e que tenho medo de perder o amor por tudo isso...

E antes que eu deixe, também, esse pequeno texto sem terminar, finalizo com a seguinte oração: Deusinho meu dai-me paciência para escrever tudo o que desejo e expulse essa preguiça que paira sobre mim, afim de fortalecer uma das coisas que tenho de melhor, que é escrever para esse blog. Amém!

terça-feira, 12 de junho de 2012

"Jour des Amoureux"


Não me lembro da última vez que choveu no dia dos namorados. Muito menos com uma chuva igual a de hoje, chuva com cara de março, com cara de fim de verão, chuva que veio só para dar esperança, trazer nostalgia e ir embora. É, hoje é dia dos namorados e essa chuva me fez pensar e escrever sobre esse dia no ônibus voltando para casa de mais uma aula na adorável e longe UNEB.

Jour des Amoureux (para leigos, a pronuncia é /jurr dez amurrêu/ lembrando que esse RR é o r chato do francês)... Mais um data capitalista, mais um dia conturbado no facebook, mais um dia em que os donos de floricultura, motéis e restaurantes estarão “very, very happy”. O dia dos namorados, também, é uma data importante para aqueles que são “desnaturados” (como minha vó diz), que não tem uma atitude para surpreender a pessoa amada. Uma outra função do dia dos namorados é deixar várias pessoas românticas e nostálgicas. Eu, por exemplo, sou uma delas.

A maioria das postagens do Facebook, hoje, era referido a esse dia lindo. Porém, nem todas eram desejando “feliz dia dos namorados”, a maioria se dividiram em melosidade ao extremo e “ser solteiro é foda”. Chegou a um ponto que eu não sabia o que sentia. Uma hora era engraçado, outra deprimente, depois começou a ficar ridículo.  Mas de boa, iniciei e fechei o dia com um sincero “feliz dia dos namorados”. Depois disso tudo, não pude deixar de ficar nostálgica e lembrar, desde minha adolescência, o que significava esse dia e as memórias que eu tenho dele.

Sou romanticazinha, muitas pessoas sabem disso, e por mais que eu acredite que dia dos ados é  forçado demais, já tive minha época de invejinha sadia e sonhar com esse dia. Quando eu estava na oitava séria até o terceiro ano, eu queria ter um namorado para quando chegar esse dia, receber um buquê de rosas na escola, ou aqueles carros de mensagem brega. Resumindo, na época, namorar para mim era demonstração de carinho em público na forma exagerada que causasse inveja. Depois dessa fase, dia dos namorados, era apenas um dia normal que os casais resolviam se presentear. Hoje, é uma data forçada, mas que pode vim a ser especial se o casal se amar, ser sincero e saber tornar esse dia, algo inesquecível, que por mais que briguem, se separem esse casal vai sempre se lembrar com carinho.

Atualmente, como muitos sabem, estou solteira e feliz, nada de carência de dia dos namorados, apenas uma nostalgia boa. Hoje, enquanto eu escrevia essas frases loucas e sem nexo sentada no ônibus voltando para casa, lembrei do meu primeiro dia dos namorados que passei comprometida. Ganhei uma cesta de chocolate, uma rosa e uma pulseira, dei uma caixa em forma de coração cheia de chocolate, com uma foto minha, que ao termino do namoro voltou a mim com a seguinte frase: “há encantos e desencantos, entre nós nada mais há”. Eu tinha 14 anos.

Já com os meus 20, ganhei de meu “ex ex” namorado, quando estávamos ficando, um ursinho que até hoje está em cima de minha cama. Lembro que me assustei porque eu tinha chegado de uma das viagens mais loucas de minha vida, e não esperava ganhar nada da pessoa que sempre sentirei um carinho enorme, além de que eu só estava ficando. Ano passado foi o ultimo ano, até agora, que passei namorando nessa data. E o que mais gostei, não foi o presente, a forma que foi dado, ou minha preocupação sem saber como presentear. O que mais gostei foi vê meu ex todo vestido de “homenzinho”, com blusa pólo e sapato no São João da Pastoral, só porque muito tempo antes eu vivia dizendo que ele tinha que ter uma blusa pólo. 

Moral da história. A vida é feita de detalhes, pra quê um presente super caro (que eu não iria reclamar kk), se a forma como ele é dado ou o que ele significa vem a ser o mais importante? Isso, pessoas lindas que lêem esse blog, também pode ser chamado de lembranças.

segunda-feira, 26 de março de 2012

Sobre ela


***E aê gente? Então, tem um tempinho que um amigo pediu para ler o que ele escreveu e tal, daí só pude ler hoje, na verdade agora. Gostei muito e eu disse que ia publicar aqui e vou publicar. Na realidade o texto é muito bom, é curto, objetivo e a forma como ele descreve a menina é, digamos, tocante. Espero que curtam, comentem e etc!!

Você já encontrou uma pessoa livre? Aquela sem amarras, aberta ao mundo, desvinculada de conceitos que nos rodeiam dia após dia? Eu já. A princípio é indignante, pensa-se logo “Cadê a fôrma, cadê os moldes, onde está aquilo que eu costumava ver em todo mundo?”. Realmente não existem. E toda e qualquer suposição que você quiser fazer a respeito dela será uma surpresa, nada virá de igual nas respostas, e não só isso será surpreendente, mas toda naturalidade com a qual passará seus conceitos - que não terá nada de, como diz o poeta, ‘cotidiano de esquina’, mas sim algo único. Para nós, normais, é novo. Para ela, no entanto, é corriqueiro, afinal, está na essência.

Num segundo momento é natural se perguntar “Porque ela é assim?”. E logo vem a inveja implícita do ‘eu quero um pouco disso pra mim’, já que não bastava ser tão singular, há de se fazer entender porque o é. E isso importa? Não seria mais fácil não se questionar e se deixar levar em meio a novidades, singularidades, percepções únicas que só emanam daquilo que aguça sua curiosidade? Talvez, vai da natureza de cada. Quem se opor a esse novo comportamento logo fará por onde deixar opacas as palavras que fluíam daquela boca, afinal, boa música não foi feita para todos. Mas o agraciado que for condescendente, que tiver o discernimento de saber que só de conhecer tal pessoa já o faz afortunado, este sim de tudo fará para não entender, mas sim conviver. Irá aprender, absorver o que aquilo traz de afável, não só para si, mas para o tudo de um todo, admitindo sempre que nada que fizer em contrapartida a irá encantar de fato, porque a surpreendente da história está a sua frente. E perceberá, enfim, que a maioria atravessa toda uma vida sem conhecer tal alguém, e isso o confortará.

quarta-feira, 14 de março de 2012

Uma vida de retalhos

* A PRIORI * Há muito tempo não escrevo aqui. Ocorreram muitas coisas que me fizeram parar de escrever, teve a faculdade, o namoro, festas, família, preguiça e, o principal de tudo, apenas não tinha vontade, mesmo quando eu queria. Esse ano espero fazer diferente e, para não ter como voltar atrás, fiz promessa de ano novo que ressuscitaria isso aqui. E não foi vontade própria, recebi motivações de uma amigo muito querido e de uma amiga que sente saudades de ler o que escrevo.
Para começar vou postar o meu primeiro perfil jornalistico, cujo qual estou bestinha pela nota que ganhei (risos). Mas só escolhi publicá-lo aqui pelo motivo do meu perfilado ser minha avó materna, que sua história era, praticamente, desconhecida por mim até o dia da entrevista. Espero que gostem!!

Uma vida de retalhos.

A história da artesã Maria Dapaz.

Há muito tempo conheço essa senhora de 67 anos, conhecida por Dapaz é artesã desde 1976, começou com almofadas de crochê em formato estrela, variou muito entre cama, mesa e banho até se encontrar nas colchas de retalho, que lhe deu fama em sua área. Já viajou, praticamente, o Brasil todo para participar das feiras de artesanato e foi convidada seis vezes para a Sala dos Metres na Feira Nacional de Negócios do Artesanato, Fenearte, em Recife. Porém, nunca aceitou o convite. Quando perguntei o motivo de não aceitar, ela abriu um leve sorriso e disse: todos como Dapaz. Ela sempre foi muito agitada em tudo, no modo de falar, de andar e essa característica passou para as filhas e para algumas netas. Mas, quando entrei na sala e a vi concentrada costurando, foi o único momento que a senti tranquila e despreocupada.

- Prefiro não participar da Sala dos Mestres. Gosto de ficar no stand, é mais próximo

do público e vendo mais.

Conhecida por muitos na cidade de Petrolina, Dapaz teve seis filhos e pouca gente sabe que ela só se tornou artesã para sustentá-los. O primeiro assunto que conversamos na entrevista foi sobre a história dela e o que a motivou a ter o artesanato como sustento. No momento, ela ficou pensativa, surgiram lágrimas em seus olhos, mexeu nos cabelos despenteados e me perguntou:

- Você sabe que meus filhos não sentem carinho por mim?

Fiquei triste com a revelação, mas curiosa. Porém, disse que não sabia e não a interr

ompi. Pouco a pouco, ela me contou sobre os filhos e, às vezes, com a feição nostálgica, pensativa demais e com alguns silêncios ela revelou os detalhes do que viveu.

Nascida em Caicó, no Rio Grande do Norte, no ano de 1944, Maria Dapaz era a segunda de quatro filhos, que viveram felizes até quando ela tinha 11 anos, pois seu pai deixou a família e fugiu com outra mulher. Sua mãe, por não saber como tomar conta da casa sozinha e ainda com a raiva de ser abandonada, acabou enlouquecendo e, ao passar dos anos, rejeitou os filhos.

- Manoel, meu irmão mais velho, logo arranjou um trabalho. E todos os dias pedia a Deus que me mostrasse algo para fazer. Até que um dia, fui a um casamento no Hotel de minha tia em Souza, Paraíba. Contou com o jeito agitado de sempre, porém triste.

Ao continuar, notei o quanto lembrar o passado a deixou um pouco infeliz, entretanto prosseguiu com sua história. Com 14 anos, Dapaz começou a trabalhar no hotel de sua tia, no início só ficava na cozinha, depois passou a ser garçonete. Um ano depois, namorou um homem de 30 anos, chamado Adefácio. Levada pela promessa de casamento, a jovem Dapaz se envolveu demais e ficou grávida. Sua primeira filha Adefânia nasceu quando ela tinha 16 anos. Adefácio não se casou com o argumento de “garçonete de hotel é rapariga”, mas levou a filha para uma tia criar.

Nesse momento, a história se interrompeu com um silêncio. Depois ela levou à mão a boca e com expressão de dor, disse:

- Eu queria tê-la criado, mas não tinha condições. Já morava com minha tia e quando fui visitar minha filha ela estava apegada demais com a família dele.

O tempo cuidou de suavizar a dor, e hoje mãe e filha tem um bom contato. Dapaz sorri ao lembrar da primeira filha.

- Hoje, tenho um contato bom com ela. Adefânia me liga uma vez na semana e sempre que vou a Souza gosto de ir à casa dela.

Ainda curiosa, perguntei sobre o casamento e dos outros filhos. Ela, com um tom de saudade, começou a falar sobre José Batista ou Galego como o chamava. Eles se conheceram no hotel da tia, quando ela estava com 21 anos, se casaram, mesmo contra a vontade do pai dele, e tiveram quatro filhos, três meninas e um menino. Risolane a mais velha tinha problema de epilepsia, depois de seis anos nasceu Patrícia, logo viera

m Petrúcia e, por último, José Batista Filho. Em 1974, José, depois do trabalho, foi com os amigos para um bar, onde ocorreu um acidente. O esposo de Dapaz caiu de dois andares.

- Quando cheguei ao hospital, ele só tinha um corte na testa e outro no nariz. O médico deu uma injeção e depois de umas horas ele começou a se bater e me desesperei. Estava grávida de quatro meses do mais novo e meu marido morreu nos meus braços.

Ficou em silêncio e notei seus olhos se enchendo de lágrimas ao lembrar a morte do marido, depois continuou: - O médico disse que foi hemorragia interna. Galego era tão bom, não faltava nada lá em casa. Era um ótimo pai e excelente esposo. Sonho com ele até hoje.

- Foi a partir disso que a senhora começou com o artesanato?, perguntei.

- No início, o choque foi grande e não recebi ajuda da família dele. Como não era casada no civil, tive que ir ao tribunal com testemunhas para comprovar que era casada, para assim receber a

pensão. Minhas vizinhas me ajudaram muito com meus filhos.

Se recuperando da tristeza contou com detalhes como começou a ser artesã. Desde pequena

Dapaz aprendeu a costurar e na adolescência, quando morava com a tia no hotel, bordava e fazia ponto cruz com as primas. Entretanto, só se dedicou ao artesanato já viúva. Em uma viagem para Recife, onde levou Risolane para fazer um tratamento por causa da epilepsia, Dapaz conheceu uma senhora que a ensinou a fazer crochê. Já de volta para casa, ela se dedicou a fazer almofadas de crochê em formato estrela. Com muito material para vender, fez amizade com outras artesãs e começou a viajar com o intuito de vender sua arte.

Em uma dessas viagens, Dapaz chegou a Petrolina. Adorou a cidade, viu que era diferente de Souza e que não existia preconceito. Logo quando chegou, no início da década de 1980, conheceu a mãe de Fernando Bezerra Coelho, Dona Enizete, que comprou as colchas e almofadas de crochê de Dapaz.

De volta a Souza, Risolane estava depressiva, até que um dia cometeu suicídio. Muitos dizem que não é fácil enterrar um filho, que a lei natural é os filhos enterrarem os pais. Com muita emoção, Dapaz me revelou isso e continuou:

- Não sei o que a levou a fazer isso. Risolane era tão bonita e estava com 18 anos. Acredito que ela não aguentou o preconceito da cidade. Muitas vezes vi o povo a chamando de doida, maluca por causa das crises epilépticas, isso me doía muito. Mas nada comparado à dor que tive quando a vi no chão do quarto.

Com um tom triste afirmou: - Até hoje me doí e me culpo por não está sempre presente em casa, mas eu precisava sustenta-los, não queria que minhas filhas acabassem trabalhando como garçonete ou na casa dos outros, como trabalhei.

Aos poucos, ela foi voltando ao seu jeito agitado de falar e narrou sua chegada a Petrolina. Logo após a morte de Risolane, Dapaz decide morar em Petrolina. Quando chegou se casou e fez amizade com Ana Maria, esposa de Osvaldo Coelho, que a apoiou no artesanato, levando tecidos à Dapaz para ela fazer toalhas de mesa com bicos de crochê e pintadas, mas, além das toalhas, ela começou a fazer lençóis e a fazer a famosa colcha de retalho. Na época, os artesãos ficavam na rodoviária de Petrolina, expondo seus trabalhos.

Em 1985, Dapaz adotou uma menina de oito meses chamada Luciana. Filha de uma conhecida que não podia criar a menina, ela viu na pequena Luciana uma forma de consolar a dor que sentia pela morte de Risolane.

- Às vezes chamo Lulu de Risolane, fala rindo. Mas nada é substituível, o amor que sinto por Luciana é diferente pelo que sinto por Risolane. Luciana é minha filha de coração, é a que mais liga para mim e me visita. Conta em tom nostálgico.

Antes de ela mudar de assunto e contar sobre a fundação da Casa dos Artesãos Mestre Quincas, ela faz uma pausa, pega um pouco de comida que trouxe e dar para os gatos que nos observavam. No final da década de 1980, o grupo de artesãos que ficavam na rodoviária fez uma associação e junto com a prefeitura foi fundada a Casa dos Artesões de Petrolina, onde hoje todos vivem como uma família. Assim como Dapaz, os outros artesãos chegam às oito horas da manhã e saem às cinco da tarde todos os dias. Na casa, eles trabalham, conversam, brincam e preparam as refeições juntos. Pergunto se ela gostaria de se aposentar e me disse rindo:

- Penso às vezes, mas é bom estar aqui. Por causa de alguns problemas pessoais, fiquei depressiva e já tentei me matar duas vezes, e além da vontade de ver meus netos criados, o que me deu força foi meu trabalho. É aqui que tiro meu sustento e fico em paz. Hoje, minhas filhas sabem fazer crochê, bordado e costuram. Patrícia herdou mais o dom, pinta e costura divinamente e Petrúcia é ótima nos negócios.

Com muito orgulho, Dapaz finaliza nossa conversa falando dos filhos e dos netos. As filhas que ela lutou tanto para não trabalharem em casa de família e como garçonetes, hoje são casadas e trabalham com vendas. O filho se tornou caminhoneiro e passou pouco tempo em Petrolina, preferiu morar em Souza com as vizinhas que o criaram. E seus netos, a maioria meninas, duas se formaram em Direito, três estão na faculdade estudando Jornalismo, Administração e Arquitetura e os outros são novos e ainda estão no colégio. E voltando a pergunta inicial que me fez conclui:

- Meus filhos podem não sentir carinho por mim, pois preferi trabalhar a ser uma mãe presente. Me arrependi muito de muitas coisas, mas isso acredito que fiz certo. Não faltou comida para eles e por mais que a vida tivesse sido difícil, hoje estão todos bem.

Emocionada, volta a costurar. E a conversa se encerra aqui.